21 agosto 2014

Banda Vespas Mandarinas

Formada em 2009, a banda contava com um time de peso do rock nacional, encabeçada por Chuck Hipolitho (ex-Forgotten Boys e atual VJ da Mtv), Thadeu Meneghini (ex-Banzé!), Mike Vontobel (Bidê ou Balde) e Mauro Motoki (Ludov). Juntos os caras buscavam desde o início fazer um som em português com fortes influências do pop rock nacional, que agregasse com letras interessantes e boas melodias, tendo como missão árdua, tentar resgatar o gosto popular pelo rock, como ocorreu nos anos 80 e 90.


Lançaram em 2010 seu primeiro EP, intitulado “Da Doo Ron Ron”, que já mostrava o bom potencial da banda, porém ainda de forma meio destemperada, como era de se esperar já que eles ainda estavam se conhecendo e experimentando para moldar a estética definitiva da banda. No entanto, após esse lançamento saem da banda Mike e Mauro e entram para cozinha o baterista André Dea (que também toca no Sugar Kane) e o baixista Flavio Guarnieri, formando dessa forma a banda como conhecemos até hoje.

No ano seguinte, em 2011, lançaram mais um EP, “Sasha Grey”, já trazendo as Vespas mais azeitadas com a química fluindo melhor, mostrando claramente o enorme potencial da banda. Destaque para a ótima “Antes Que Você Conte Até Dez”.

Após dois anos fazendo bons shows, ao lado de outros nomes da cena emergente do rock nacional, como Black Drawing Chalks e Vivendo do Ócio, a banda fecha com a Deck, para produzir e lançar seu primeiro álbum inteiro, essa era a alavanca que a banda precisava.

Saiu então, semana passada, “Animal Nacional”, que vem sendo exaltado – e com justiça – como um sopro de novos ares ao rock nacional. No álbum, a banda soa como um encontro do que melhor aconteceu no rock nacional dos anos 80 e 90, com influências claras de bandas como Titãs, Paralamas do Sucesso e Skank e algo do The Clash, sempre com ótimas melodias de guitarra trazidas pela excelente dupla Thadeu e Chuck e a cozinha dando toda base e energia que as canções pedem, com André e Flávio também tocando muito.

Diante da mesmice do rock nacional, salvo por raras exceções como o já mencionado Vivendo do Ócio, o Detonautas e o Rancore, é um tesão ouvir um disco como esse. É rock nacional na essência, com canções bem executadas que poderiam tocar em qualquer rádio voltada a pessoas com mais de dois neurônios. Vale destaque também para as letras, que fogem totalmente do marasmo “dor de corno” implantado no rock nacional mainstream dos últimos anos. Há parcerias com gente do calibre de Arnaldo Antunes em “A Prova”, Bernardo Vilhena em “Santa Sampa”, e dos amigos da banda Fabio Cascadura e Adalberto Rabelo (parceiro de Thadeu desde os tempos de Banzé!).

Chega a ser difícil apontar os pontos altos do álbum, pois ele é excelente por inteiro e uma obra que, apesar das diversas influências, soa homogênea, característica dos grandes álbuns da história do rock nacional. Mas as que batem de primeira são a já conhecida “Cobra de Vidro”; a sensacional “Não Sei O Que Fazer Comigo”, versão de “Ya No Sé O Qué Hacer Conmigo”, da banda uruguaia El Cuarteto de Nos; “Santa Sampa”; “O Herói Devolvido”; e “O Inimigo”.

Realmente fico emocionado ao ouvir um disco como “Animal Nacional”, pois ele traz de volta à tona tudo que mais me encantou desde sempre no rock n’ roll: boas letras, melodias contagiantes e que são capazes de melhorar o humor de uma pessoa, essa relação orgânica com a música não pode se perder.

Além do som e das letras, assisti e li entrevistas da banda e gostei muito do discurso e da proposta dos caras, que não tem vergonha nenhuma de dizer que compõem cada canção pensando no seu potencial pop, que acham que o rock nacional está muito supérfluo e infantil e estão levantando a bandeira de um rock nacional que volte a atingir à massa e, sinceramente, com esse disco, eles mostraram que tem potencial para atingir esse objetivo e se não conseguirem que tenham gás e inspiração para continuar tentando.

Pesquisando a definição de vespas mandarinas, vi através de alguns sites que são insetos asiáticos que se caracterizam por fortes habilidades agressivas, atacando em bloco e detonando colmeias inteiras de abelhas e outros insetos em poucas horas. O inseto mata inclusive, muitas pessoas, tamanha a potência do seu veneno. Realmente o nome não podia ser melhor escolhido, já que a banda chega atacando na linha de frente do rock nacional, pronto para invadir as colmeias infestadas pelo ‘sertanojo’ universitário e pagode mela cueca, com agressividade e o mais importante, inteligência.

Fonte: Whiplash